11 de maio de 2009

Viva Allan Sales, o Pernambucano mais Potiguar que conheço

O CABRA E AS CÓRNEAS DO TRAVECO



I
Ele era bom da vista
Mas ficou com catarata
Foi cegando foi cegando
Até que a visão empata
Ficou cego foi avante
À espera do transplante
Esperou sem ter bravata
II
A estória aqui relata
Eu lhes conto toda aqui
Arranjou um doador
Que morreu lá no Bongi
Faleceu atropelado
Era um rapaz turbinado
Um bonito travesti
III
As córneas da tal Lily
Era o nome boneca
Mandaram pra o Hospital
Geral lá da Muribeca
Chamaram o coitadinho
O danado do ceguinho
Que assim ganhou na loteca
IV
Um cirurgião careca
Que fez tal operação
Pôs as córneas da “menina”
Nos olhos do cidadão
Depois dessa cirurgia
Ex-cego com alegria
Da vista ficando são
V
Teve recuperação
Os olhos com curativo
Até aquilo sarar
Ansioso e apreensivo
Pois voltar a enxergar
Era como ele sonhar
Voltar a ser produtivo
VI
Ele era muito vivo
Esperou até tirar
O curativo dos olhos
Depois daquilo curar
Curativo é retirado
Ele então aliviado
Por voltar a enxergar
VII
Abrir o olho e olhar
Ver o mundo novamente
Mas teve um probleminha
Na córnea sobrevivente
Era córnea de bichinha
Em vida tão saidinha
Pecadora e insolente
VIII
Veja a coisa minha gente
Esse cabra assustado
Com as córneas da Lily
Ficou ele tão mudado
Era o maior esculacho
Quando pasava um macho
Ele olhava de lado
IX
Com o pescoço virado
Não parava de olhar
Ele antes tão machão
Não podia controlar
Era uma praga da córnea
De quem viveu na esbórnia
Só pra macho ele espiar
X
Não podia controlar
Aquele impulso da vista
Era um cabra muito macho
Com córnea de transformista
Era o maior vexame
Foi ele fazer exame
Com um psicanalista
XI
Era um bom analista
Arretado e freudiano
Ouviu todo seu relato
Com um respeito humano
Pôs ele na terapia
Mas isso não resolvia
Ele sofreu desengano
XII
Quase ferveu seu tutano
Sem achar a solução
Procurou um pai de santo
Que no meio da sessão
Baixou nele a “poderosa”
Com uma voz cavernosa
Pediu uma obrigação
XIII
Pra tu voltar ser machão
Tem que fazer ô boneco
Ficar na encruzilhada
Ir pra lá com um traveco
Cantar canção de Madona
Beijar na boca a bichona
E dar pra ela o “caneco”
XIV
Ele virou cacareco
Era macho até demais
Mas se livrar da quizumba
Resolveu correr atrás
Foi lá na Dantas Barreto
Chamou um traveco preto
E chavecou foi demais
XV
Chamou a “moça” o rapaz
Foram pra encruzilhada
Fez do jeito que mandou
Com sua calça arriada
Beijou a biba tão louca
Beijo de língua na boca
E depois a enrabada
XVI
A tremedeira danada
Ele então desmaiou
Um negão tão bem dotado
Quase ele se arrombou
Ficou num transe danado
Bom tempo desacordado
Até que então despertou
XVII
A quizumba ele curou
Pra macho não olhou mais
Mas sentiu diferente
E virou outro rapaz
Ficou do negão lembrando
Continuou se tratando
E diferente hoje faz
XVIII
Pôs silicones e tais
Hoje vive “batalhando”
Lily era zombeteira
Sacaneou lhe ferrando
Quem era bicha na vista
Virou total transformista
Pois acabou foi gostando

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